A educação infantil, hoje obrigatória a partir dos 4 anos é um período riquíssimo para aprendizagens que irão auxiliar no sucesso da criança, em toda a sua vida escolar, pois é neste período que as crianças desenvolvem aspectos emocionais, intelectuais, motores e sociais.
Nesta fase escolar, é fundamental que se desenvolva a capacidade de comparação, seriação, classificação, desenvolvimento motor, lateralidade, habilidades linguísticas, inteligência emocional, entre outras também de grande importância.
São tempos em que a ludicidade permeia todas as atividades. Muitas histórias, muitas brincadeiras, muita tinta, mas tudo isso com um propósito pré-definido: o desenvolvimento de habilidades e capacidades indispensáveis para a alfabetização.
É POSSÍVEL DETECTAR A DISLEXIA NESTA FASE ESCOLAR?
De acordo com as orientações dos estudiosos, a dislexia deve ser diagnosticada a partir dos 6 anos, no primeiro ano do ensino fundamental, porém é possível se ter alguns sinais que apontam para a dislexia, observável na educação infantil.
Hoje, entre 5% e 17% da população sofre deste transtorno de aprendizagem, segundo a Associação Brasileira de Dislexia. É um transtorno de aprendizagem, de origem neurobiológica, que não afeta a inteligência do indivíduo, mas sim o processo cognitivo, tanto auditivo como visual, na quase totalidade dos casos, depende de condições hereditárias.
Na educação infantil ou na própria família, quando a criança demonstrar uma maior dificuldade motora, como no engatinhar, caminhar, sentar-se, chutar bola, deve-se buscar orientações de como é possível desenvolver estas capacidades, pois são sinais precoces de uma possível dislexia.
Outro aspecto a ser observado é o desenvolvimento da fala. A criança que apresenta dificuldades de articular palavras, denominar coisas e figuras comuns do dia a dia e, normalmente fala palavras com troca de letras, em especial “d” e “b”, “t” ou com inversão de sílabas na palavra, deve ter um atendimento especial, pois a superação precoce das dificuldades evitará problemas futuros no processo educacional.
UM SOFRIMENTO QUE PODERIA TER SIDO EVITADO
Ao atender o telefone, fui surpreendida por uma psicóloga, me informando, que estava encaminhando uma moça de 21 anos, para uma avaliação psicopedagógica. Chegado o dia da consulta, a moça ao relatar o seu problema, demonstrava uma preocupação sobre a sua capacidade de aprendizagem, pois sempre se sentiu incapaz de aprender, e por muitos foi chamada de “burra”.
Ao iniciar a anamnese, já foi possível identificar o grande problema que ela enfrentava. A paciente era portadora de dislexia, grandes dificuldades na escrita e leitura. Ela tinha um grande sonho, que era cursar enfermagem e até então, não se sentia capaz de enfrentar o curso. Outro aspecto importante que foi possível comprovar foi a questão da autoestima, pois segundo os cientistas, é muito afetada pela dislexia. O portador se acha incapaz, o que na maioria das vezes é reforçado pelo bullying ou palavras ditas por seus semelhantes.
Quando fui realizar a devolutiva para a paciente, ao ler e explicar seu distúrbio de aprendizagem e que sua inteligência não era afetada pela dislexia, as lágrimas corriam em seu rosto e ela dizia “então eu sou capaz. Sempre achei que era incapaz de realizar um curso e ser aprovada.”
O parecer além de diagnosticar a paciente como portadora de Dislexia, também continha todos os direitos em relação ao tipo de avaliações e acompanhamento no ambiente escolar.
Passado 2 anos, recebo o convite para a formatura e uma mensagem: “sou capaz”.
Convido você a pensar no sofrimento desta moça, por tantos anos, apenas porque nunca alguém, a nível escolar, se dedicou a questionar e investigar o porquê de a aluna apresentar tanta dificuldade e reprovações.
A dislexia, quando detectada e tratada com atividades específicas e com atendimento as suas peculiaridades, permite que seus portadores alcancem o sucesso escolar e profissional. E, o mais importante, sejam felizes.
FICA A LIÇÃO:QUANDO A CRIANÇA APRESENTAR DIFICULDADE DE QUALQUER NATUREZA, FALTA DE HABILIDADE, NÃO USE PRECONCEITOS, INVESTIGUE E BUSQUE ALTERNATIVAS DE DIAGNÓSTICO.
A EDUCAÇÃO INFANTIL É O MELHOR ESPAÇO PARA INICIAR DIAGNÓSTICOS DE POSSÍVEIS DISTÚRBIOS E, COMEÇAR A REALIZAR ATIVIDADES QUE AUXILIEM NO ATENDIMENTO PRECOCE.
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