top of page

ATENÇÃO! PODE SER DISLEXIA


Está se vivendo uma época em que muitas crianças estão tendo como diagnóstico o autismo. Entende-se que o número de crianças com TEA realmente aumentou, conforme dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe hoje um caso de autismo a cada 110 pessoas. Dessa forma, estima-se que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de 2 milhões de autistas, porém é importante que se preste atenção na hora de realizar um diagnóstico ou, no caso dos pais, aceitar sem maiores questionamentos.

POR QUE O QUESTIONAMENTO?


Como psicopedagoga clínica tenho acompanhado muitas crianças sobre as quais, os pais já foram alertados sobre a possibilidade de serem portadoras de autismo. Porém, muitos deles possuem a dislexia como distúrbio de aprendizagem.

Um dos casos que relato a seguir, mostra exatamente esta realidade. Os pais de um menino de 10 anos me procuraram para uma avaliação psicopedagógica, já com a dúvida e o medo do filho ser autista. A dúvida surgiu após uma conversa com a escola, pois o menino está cursando a quinta série e ainda não sabe ler, nem escrever e durante as aulas não participa e fica retraído em sua carteira. Durante a entrevista com os pais, fui informada que o menino já havia realizado consulta com um neuropediatra, o qual não diagnosticou nenhuma anomalia. Também no decorrer da anamnese, constatei que os pais também apresentaram vários problemas na leitura e escrita, durante a vida escolar. Que o menino não tinha momentos de descontrole, que brincava tranquilamente com os vizinhos e colegas, que não apresentava nem um tipo de restrição quanto a alimentação, barulhos, odores e outras características específicas do autismo.

Após várias intervenções, o diagnóstico: DISLEXIA NÍVEL GRAVE.

O QUE É DISLEXIA?


Cândido (2013, p. 13) diz que a:

[…] dislexia é um transtorno de aprendizagem que se caracteriza por dificuldades em ler, interpretar e escrever. Sua causa tem sido pesquisada e várias teorias tentam explicar o porquê da dislexia. Há uma forte tendência que relaciona a origem à genética e a neurobiologia.

Segundo Moura (2013):

Os disléxicos recebem informações em uma área diferente do cérebro, portanto o cérebro dos disléxicos é normal. Infelizmente essas informações em áreas diferentes resultam de falhas nas conexões cerebrais. O resultado é que devido a essas falhas no processo de leitura, eles têm dificuldades de aprender a ler, escrever, soletrar, pois é difícil assimilarem as palavras.

Este distúrbio pode ser previsto por educadores, desde a educação infantil, pois crianças que apresentarem maior dificuldade a nível de consciência silábica e fonética, identificação de letras e dos sons que lhes correspondem e que têm uma linguagem oral e um vocabulário pobre, devem ser observados, trabalhados no sentido de desenvolver as áreas deficientes, pois apresentam um grande potencial de serem portadores de dislexia.

A lei federal de14254 de 30 de novembro de 2021,no seu artigo 2º, determina que as escolas da educação básica das redes pública e privada, com o apoio da família e dos serviços de saúde existentes, devem garantir o cuidado e a proteção ao educando com dislexia, TDAH ou outro transtorno de aprendizagem, com vistas ao seu pleno desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, com auxílio das redes de proteção social existentes no território, de natureza governamental ou não governamental. Porém, o que infelizmente temos é uma realidade bem oposta. As escolas, independente da natureza, no máximo elencam as dificuldades das crianças e solicitam que as famílias busquem alternativas para um acompanhamento especializado.


EXISTE LEI, PORÉM NÃO EXISTE POLÍTICAS PARA CUMPRÍ-LA.


O PORQUÊ DA CONFUSÃO DE DIAGNÓSTICO ENTRE DISLEXIA E AUTISMO?


Voltando ao caso do menino, acima citado, o que determinou a possibilidade de ser autismo, foi a forma como o aluno se portava em sala de aula. Um aluno que pouco se comunica, não escreve, não lê e fica quatro horas sentado, observando seus colegas do quinto ano em constante aprendizagem, como irá se comportar? Se coloque no lugar desta criança.

O que encontrei, foi uma criança com uma autoestima muito baixa, insegura e com receio de responder a qualquer questionamento. Há cinco anos na escola, apenas conhece as letras pelo nome, escreve apenas o seu primeiro nome e apresenta um pequeno domínio dos números até cem. Sem dúvidas, na escola, esta criança ficava alheia ao conteúdo da aula e em silêncio para não sofrer bullying.

Temos que refletir sobre esta realidade e mostrar a revolta, de termos casos desta natureza, em escolas do Estado de Santa Catarina e, com certeza, em todos os estados do Brasil, onde uma criança passa cinco anos em uma escola, de forma invisível e sem um atendimento adequado para superar suas dificuldades, criada por um distúrbio, que já possui legislação específica.


DIZER NÃO A DISCRIMINAÇÃO VIROU UMA BANDEIRA NACIONAL. DIZER SIM AO ATENDIMENTO ESPECIALIZADO PARA DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS, DEVE VIRAR UM OBJETIVO DE TODA A SOCIEDADE E DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO.




Comments


bottom of page