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EPILEPSIA DE AUSÊNCIA. VOCÊ SABE O QUE É ?

A IMPORTÂNCIA DE UM DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO COMO RESULTADO DE UMA BOA INVESTIGAÇÃO.


A cada novo aluno paciente que chega na clínica, me conscientizo mais da importância de uma anamnese realizada com calma e atenta a todos os detalhes e sinais.

Como em geral acontece, a mãe recebeu da escola o pedido para que o menino Y fosse avaliado por um neurologista, pois estava apresentando vários sintomas que levavam a suspeita dele ser portador de Autismo. A mãe o levou em um neurologista o qual realizou um eletroencefalograma, que não acusou nenhum distúrbio. A partir disso, através de indicação, a família me procurou para a realização de um diagnóstico e acompanhamento.

Ao iniciar o levantamento de dados sobre o menino e seus pais, fui informada que a mãe é portadora de epilepsia, com uso de medicação permanente. O menino encontra-se na quinta série, não está alfabetizado e na escola apresenta isolamento social. Exceto pelo fato de não ser alfabetizado e ter tido um retardamento temporal no exercício da fala, o que mais chamou a atenção nos encontros de anamnese foi o fato dele, por alguns segundos parar com a atividade que estava realizando, estagnando todo e qualquer movimento, com os olhos vidrados para o vazio, exatamente como se estivesse brincando de estátua.

Ao comentar tal fato com os pais, eles afirmaram que realmente isto acontece em vários momentos e que (principalmente o pai) já tinham consciência desta característica, como se por alguns segundos ele desliga.

Na busca de explicações científicas para esta característica, encontro em uma imersão do Dr. Marcelo Masruha, neurologista, PhD, o possível diagnóstico do menino Y: Epilepsia de ausência.

O QUE É EPILEPSIA DE AUSÊNCIA?

É considerada é considerada uma doença crônica, com sintomas de um distúrbio neurológico que geralmente se apresenta em crises convulsivas, que são resultado de uma descarga excessiva de neurônios em uma certa área cerebral, que repercutem diretamente na cognição, linguagem, atenção e aprendizagem em geral.

Segundo Roberta Figueiredo Gomes e outros, em uma revisão científica, Epilepsia de Ausência na Infância e seu Impacto na Aprendizagem “a epilepsia mais comum na infância é a epilepsia de ausência. Este tipo de epilepsia merece atenção especial devido à infância ser um período especialmente importante para se reconhecer sinais de alarme, como problemas cognitivos e emocionais, que podem estar ligados à doença, permitindo intervenção precoce e redução do dano biopsicossocial associado às doenças crônicas em geral e da epilepsia em particular”. Segundo os estudiosos ela surge dentre os 4 e 7 anos, justamente no período escolar onde devem ocorrer as maiores aprendizagens”.

Esta epilepsia caracteriza-se por uma falta de consciência que pode durar de 3 a 10 segundos, podendo ocorrer centenas de vezes em um dia e, ao final do episódio a criança não lembrar o que aconteceu.


QUAL O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NESTE TIPO DE CASO?

Após a anamnese geral do aluno, a busca por um diagnóstico específico dos conhecimentos escolares, suas habilidades, sua capacidade de aprendizagem, através de atividades de jogos de memória, de raciocínio lógico, da percepção de quantidade, de volume, para então montar o plano de trabalho.

É indispensável que as atividades tenham o enfoque lúdico, exijam movimento corporal e estimulem a ampliação do vocabulário através de histórias, auxiliando para a aceleração da aprendizagem, no sentido de recuperar o tempo perdido.

Neste caso, especificamente, na aprendizagem de vogais e consoantes e suas combinações, o aluno demonstrou uma boa condição de memória, porém o raciocínio lógico e a capacidade de relacionar conceitos exigiu um trabalho mais permanente e com material concreto.

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