... E o frio encabulado, lentamente, está chegando. Dias mais curtos, noites mais longas... O outono é a preparação para o inverno...
Até o sol timidamente, se esconde entre as nuvens, ofuscando o brilho de seus raios, permitindo que as folhas mostrem seu tom amarelado, sequem, caem...
..... Ouve-se o sibilar do vento, escuta-se o ruído longínquo das folhas caindo. Os pássaros procuram abrigo, mas quase não se ouve seu canto.
É um tempo de poesia...O silêncio da natureza inspira o poeta a fazer versos, a falar de amor. Nestes fins de tarde mais curtos, com a noite caindo rapidamente, aos homens se permite mais aconchego, toque de mãos, um olhar solitário, perdido no horizonte, lembranças, saudade!
Outros tempos, quem sabe a infância, quando se ouvia a voz da mãe: "vêm para dentro! Está ficando frio!" Quem sabe a adolescência...tristeza! A aula terminava é o " amor eterno," que no outro mês já tinha mudado de nome, ia embora. Quem sabe ontem, quando o adeus foi para sempre, quando as palavras tomaram outro sentido, quando a dúvida se fez presença!
O frio! Quantas histórias envoltas: nos cobertores, nas ruas, nas madrugadas! Mais otimista, em frente a lareira, sorvendo um cálice de vinho! Longas noites, sofridas manhãs. Memórias que se refazem no crepitar das chamas, nos arabescos confusos da fumaça, no tilintar das taças, nos olhares...
E a alma! Esta se aquece na caridade, nas lembranças, na saudade, no amor!
O silêncio do frio permite que a voz do coração seja ouvido, entoando a canção que diz de aquecer a alma, falando de amor, estendendo as mãos, acarinhando os solitários, abrindo um sorriso, embora entre lágrimas.
...É, o frio aquece a alma, enobrece a vida.
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